Os sobrenomes noruegueses, ao contrário do que muita gente pensa, não têm suas origens somente no patronímico, que é o sobrenome originado através do nome do pai ou outro ascendente, como Olsen (Ole + sen, filho de Ole) ou Hansen (Hans + sen, filho de Hans), etc.
Neste post vou compartilhar as diferentes origens dos sobrenomes noruegueses, significados de alguns nomes e várias curiosidades ao longo do texto, é claro!
Boa leitura!
Navegue pelos tópicos:
Sobrenomes patronímicos
- 20 sobrenomes mais comuns terminados em -sen
- Lei do nome (Navneloven)
- Por que a versão masculina do nome foi escolhida?
Nomes de fazenda como sobrenome
- 20 sobrenomes noruegueses mais comuns com origem em fazendas/natureza
- Mesmo sobrenome, grafias distintas
- Nomes de regiões e vilarejos como sobrenome
Sobrenomes noruegueses inventados
Sobrenomes protegidos
Considerações finais
Material consultado
Sobrenomes patronímicos
Durante muitos séculos, o patronímico, sobrenome originado através do nome do pai, foi a base de criação dos sobrenomes não só onde hoje é a Noruega, mas em toda a Escandinávia, incluindo a Islândia. Para se ter ideia, o patronímico já era usado desde a Era Viking (793 – 1066 d.C.).
Você já deve ter visto por aí os sobrenomes Hansen, Johansen e Olsen, né? Estes nomes são, na verdade, os três sobrenomes mais comuns na Noruega hoje em dia. Hansen significa “filho de Hans”, Johansen “filho de Johan” e Olsen “filho de Ole/Ola”.
O patronímico funcionava assim: se Johan tivesse um filho, Ole, o nome completo dele seria Ole Johansen (Johan + sufixo –sen, que significa “filho”), e, no caso de uma filha, Kristin, por exemplo, o sobrenome dela seria Johansdatter (o sufixo –datter significa “filha”). Se depois o Ole tivesse filhos, o sobrenome do filho mudaria para Olsen, e, no caso da filha, Olsdatter, e assim por diante. Se Kristin se casasse com Hans, ela continuaria se chamando Kristin Johansdatter, mas suas crianças teriam os sobrenomes Hansen (meninos) ou Hansdatter (meninas). Em outras palavras, o sobrenome mudava a cada geração.
Além da terminação –sen e –datter, que é influência da língua dinamarquesa, como explicarei mais adiante, outras terminações também foram usadas ao longo da história na Noruega, como –son, –sson ou –søn para “filho de”, e –dotter ou –dóttir para “filha de”, porque a língua vai mudando e há também variações dialetais.
Na história norueguesa, se fala muito sobre dois vikings, Olav Haraldsson (filho de Harald), que foi rei da região leste da Noruega (Østlandet), e Olav Tryggvason (filho de Tryggve), rei viking cujo nome está associado à cristianização da Noruega por volta do ano 1000 d.C, e como se pode ver, o patronímico já estava presente. Um escrito com um “s”, Tryggvason, e outro com dois, Haraldsson.
A Islândia foi povoada por vikings noruegueses por volta de 874 d.C., contudo, até hoje o patronímico é usado por lá. A cantora islandesa Björk tem o sobrenome Guðmundsdóttir, ou seja, filha de Guðmund. Não sei se ela tem irmãos, mas se tivesse, o sobrenome do irmão seria Guðmundsson, com a terminação –sson/-son.
Em sueco, a terminação é –sson/-son (Olsson, Johansson, Hanson), e, em dinamarquês, como mencionado antes, é –sen (Olsen, Johansen, Hansen).
20 sobrenomes noruegueses mais comuns terminados em –sen (2021):
- Hansen (50064)
- Johansen (47601)
- Olsen (46632)
- Larsen (36229)
- Andersen (35544)
- Pedersen (33771)
- Nilsen (33035)
- Kristiansen (22515)
- Jensen (22046)
- Karlsen (20258)
- Johnsen (19901)
- Pettersen (19176)
- Eriksen (18618)
- Johannessen (12727)
- Andreassen (11651)
- Jacobsen (11639)
- Jørgensen (11061)
- Henriksen (11036)
- Halvorsen (10979)
- Sørensen (10382)
Lei do nome (Navneloven)
Em 1923, entrou em vigor a chamada Navneloven, ”lei do nome”. A lei refletia a mudança de costumes relacionado ao uso de nomes de família, que desde meados do séc. XIX foram se popularizando, principalmente nas cidades. Foi então decidido que cada família deveria adotar um mesmo sobrenome para todos os membros, o que fez com que não só o filho de Hans se chamasse Hansen, mas também as filhas, os netos e assim por diante.
Ou seja, hoje em dia, uma pessoa que tem um sobrenome terminado em –sen, como Jørgensen, Pedersen ou Larsen, sabe que, em algum momento da sua linhagem, teve alguém chamado Jørgen, Peder e Lars, respectivamente. É bem difícil para um norueguês chamado Hansen analisar sua linhagem, já que o sobrenome mudava a cada geração e as pessoas tinham praticamente os mesmos nomes.
Por que a versão masculina do nome foi escolhida?
Devido à Revolução Industrial, muitos noruegueses saíram do campo para a cidade, o que resultou na necessidade de um nome de família (slektsnavn). Como geralmente era o pai que trabalhava fora, foi natural que seu nome com a terminação –sen fosse usada. Por isso que é raro ver alguém com um sobrenome terminado em –datter na Noruega atualmente.
Esse costume de adotar a versão masculina do nome já era usado na Dinamarca desde o início do século XIX, e por parecer moderno, começou a ser utilizado também pelos noruegueses das cidades, por não só facilitar a identificação, mas por também em muitos casos ser uma maneira de se distanciar do rural e do caipira.
É importante ressaltar que os sobrenomes usados por todos os membros de uma família já existia na Noruega desde os séculos XVI e XVII, mas eram de origem nobre ou burguesa, e quase que exclusivamente de origem estrangeira. Eram famílias de comerciantes alemães, devido à liga Hanseática, pastores (no sentido religioso e não rural da palavra), descendentes de alguma família nobre da Dinamarca, artesãos, etc. Em outras palavras, não era algo usado entre os noruegueses “comuns”, como camponeses, fazendeiros, etc.
Alguns desses sobrenomes são Astrup, Beyer, Cappelen, Fleischer, Friis, Holst, Meyer, Müller, Møller, Richter, etc.
Nomes de fazenda como sobrenome
Enquanto as famílias adotavam o nome do pai da família com o sufixo –sen para ficar mais fácil a identificação nas cidades, no campo esse problema era solucionado através da adesão do nome da fazenda em que a família morava (gårdsnavn).
Por exemplo, se numa mesma região houvesse dois Ole Johansen, um na fazenda Ødegaard (grafia antiga de Ødegård*, “fazenda inabitada”) e outro na fazenda Berg (montanha), um seria conhecido como Ole Johansen Ødegaard e o outro como Ole Johansen Berg. Caso um deles se mudasse para a fazenda Nordli (encosta do norte), daí o nome se tornaria Ole Johansen Nordli, e assim por diante. O sobrenome com origem na fazenda só começou a se tornar fixo poucas décadas antes da lei do nome entrar em vigor.
*a letra å só começou a ser usada na Noruega na primeira metade do século XX, antes disso, palavras eram grafadas com aa (aar = år, gaar = går, etc.).
Os nomes de fazenda têm sua origem em características do terreno onde a fazenda está localizada, por isso você verá muitos nomes terminados em -li/-lien (encosta), como Nordli, Sørli, Solli; -mo/-moen (área plana), como Nymoen, Stormo, Aurmo; -berg (montanha), como Sandberg, Fjellberg, Solberg, etc., e também encontrará muitas palavras se referindo à natureza, como furu (pinheiro), bjørk (bétula), sol (sol, ensolarado), foss (cachoeira), skog (floresta), etc.
Hoje em dia, a maioria (2/3) dos sobrenomes noruegueses tem sua origem em nomes de fazenda, porque os próprios noruegueses acham os sobrenomes terminados em –sen muito comuns e nada especiais.
Por causa disso, tem se tornado cada vez mais comum o sobrenome mais raro de um casal ser adotado como nome da família após o matrimônio, não importa se é o nome do homem ou da mulher.
Por exemplo, se Knut Larsen se casa com Ingrid Kongsli, é muito mais provável que os filhos deles recebam o sobrenome Kongsli (encosta do rei/real), já que somente 111 pessoas possuem Kongsli como sobrenome, o que o torna um sobrenome protegido (beskyttet etternavn, leia a explicação mais abaixo), e 36.229 têm Larsen como seu sobrenome (dados de 2021). De acordo com o pesquisador de nomes Ivar Utne, da Universidade de Bergen, esse costume recente tem feito com que desapareçam cerca de 10.000 sobrenomes terminados em –sen na Noruega por ano!
A Noruega é conhecida por ser um país tão igualitário, em competições escolares/esportivas todo mundo recebe diploma de participação, mesmo se a prestação não foi nada de mais, não há notas escolares no ensino fundamental e as pessoas não têm muito espaço para se destacar, mas assim que possível, o sobrenome mais raro é escolhido para tirar a pessoa do comum. Interessante, né?
20 sobrenomes noruegueses mais comuns com origem em fazendas/natureza (2021)
- Berg (17702)
- Haugen (14035)
- Hagen (13697)
- Dahl (11334)
- Lund (11052)
- Moen (10079)
- Strand (9815
- Solberg (9664)
- Eide (8440)
- Bakken (7642)
- Lie (7361)
- Solheim (6907)
- Lunde (6862)
- Berge (6850)
- Nygård (6785)
- Moe (6777)
- Bakke (6770)
- Holm (6516)
- Lien (6385)
- Hauge (6302)
Mesmo sobrenome, grafias distintas
Ao ler a lista acima, você deve ter percebido vários sobrenomes parecidos, como Berg e Berge (montanha), Lund e Lunde (bosque), Bakke e Bakken (morro, encosta), Moe e Moen (área plana), Lie e Lien (encosta), né? O significado deles é o mesmo, mas a grafia de um mesmo nome variava bastante nos documentos oficiais, porque não era a própria pessoa que redigia seus documentos ou assinava o próprio nome.
Apesar da lei do nome só ter entrado em vigor em 1923, o nome de família já estava se popularizando desde o início do século XIX. Naquela época, a maioria das pessoas era analfabeta e era tarefa da igreja registrar a população, ou seja, a população dependia de pastores (prester) e funcionários públicos (embedsmenn) para escrever seus sobrenomes nos documentos. Vale lembrar que o conceito de “grafia correta” não existia em quase nenhuma língua ainda, por isso há tanta variação na grafia dos sobrenomes. Um exemplo é o sobrenome que hoje possui a grafia Vik (baía), mas também existe nas grafias Wiig, Wiik e Vig.
A Noruega fez parte do Reino da Dinamarca por mais de quatro séculos, e, como a Dinamarca não só era vista como a capital, mas também como centro de cultura e conhecimento, era comum que pastores e funcionários públicos da época fossem enviados para a Dinamarca para estudar. Por esta razão, eles acabavam adotando a grafia dinamarquesa ou a grafia dano-norueguesa (norueguês escrito com influência do dinamarquês, hoje conhecido como bokmål).
É por isso que os sobrenomes patronímicos noruegueses acabaram, em sua esmagadora maioria, sendo grafados com o sufixo –sen, que é a terminação dinamarquesa, e não em -son/-sson/-søn, que seria o jeito norueguês de falar.
Clique aqui para ver a diferença entre norueguês, sueco e dinamarquês
Nomes de regiões e vilarejos como sobrenome
Alguns sobrenomes noruegueses têm sua origem em regiões, cidades e vilarejos, como Moi, Kvam, Førde, Åmli, Grimstad, etc.
Sobrenomes noruegueses inventados
Além dos sobrenomes patronímicos, dos inspirados na natureza/em fazenda e dos originados em lugarejos e cidades, há também a categoria sobrenomes inventados (konstruerte slektsnavn).
Na década de 40, Astrid Moss publicou dois livros contendo quase 4 mil sobrenomes noruegueses que ela mesma inventou, mas que parecem ser nome de fazenda. Essa lista de sobrenomes inventados foi criada pensando naqueles que gostariam de adotar um sobrenome novo para se livrar do sobrenome da família terminado em –sen. Desses quase 4 mil, mais de mil deles foram adotados nas décadas subsequentes, o que mostra o quanto se buscava por um nome novo na época.
Teria sido muito bom se a história terminasse por aí, mas continua de uma forma bem obscura, revelando o preconceito dos noruegueses com minorias residentes no país, principalmente o povo Sámi, grupo étnico que habita o norte da Escandinávia há milênios, e o povo Kven (também chamado de norskfinner, “noruego-finlandeses”), descendentes de pescadores e camponeses finlandeses que migraram do norte da Finlândia e da Suécia para o norte da Noruega nos séculos XVIII e XIX.
Esses grupos minoritários têm sua própria cultura, línguas e tradições de nomes e sobrenomes, contudo, houve uma pressão muito grande por parte do estado norueguês para que eles assimilassem a cultura norueguesa. Essa política de norueguesação (fornorskingspolitikk em norueguês), que durou cerca de 100 anos até o fim da década de 1950 (sim, você leu certo), fez com que muitas famílias de origem Sámi e Kven adotassem sobrenomes noruegueses, por se sentirem cidadãos de segunda classe devido ao preconceito contra eles.
Ainda nos anos 1960, se via anúncios de emprego e de apartamento para alugar na capital, Oslo, com os dizeres: “pessoas do norte do país não serão aceitas” (“nordlendinger uønsket”, “ikke nordlending”). Fiquei chocada quando um norueguês da região norte do país me contou isso, ele disse que teve muita dificuldade em encontrar lugar para morar em Oslo na época.
Há noruegueses étnicos no norte também, é claro, mas o preconceito falava mais alto e todos do norte tinham fama de serem não civilizados, preguiçosos, imorais, e bastava-se falar nordnorsk, dialeto do norte do país, para ser considerado persona non grata. Também, por causa dos novos sobrenomes noruegueses adotados, não dava para identificar com certeza a origem étnica, por isso o preconceito, principalmente na capital, com todos vindo do norte do país.
Recentemente, escolas católicas em áreas indígenas do Canadá receberam muita atenção da mídia por razões terríveis, e infelizmente, este mesmo tipo de escola/internato existiu na Noruega, só que, em vez de serem ligadas à uma religião, eram obra do estado norueguês. Crianças das etnias Sámi e Kven/noruego-finlandeses eram enviadas à força para o internato, sendo as mais novas com apenas 7 anos. Elas eram proibidas de falar suas línguas maternas, a língua Sámi e o finlandês, respectivamente, os professores só falavam norueguês e elas eram constantemente ridicularizadas, sofriam violência, tudo com a intenção de norueguesá-los. Enfim, é muito triste, mas aconteceu, e é melhor eu me aprofundar nesse assunto em outro post.
Exemplos de sobrenomes noruegueses inventados
- Aggborg
- Bjarvin
- Bravik
- Dorg
- Ervum
- Gervin
- Heiermo
- Jagland
- Janøy
- Laheim
- Raftemo
- Rybø
- Viketun
Todos os nomes listados acima estão em uso. Clique nos links abaixo para acessar a versão digital dos livros da Astrid Moss e ver todos os sobrenomes inventados por ela:
- Forslag til nye slektsnavn (1940)
- 2000 nye slektsnavn: forslag (1947)
Sobrenomes protegidos
Na Noruega, há muita liberdade na hora de mudar de nome. É só logar no site do Skatteetaten, órgão norueguês responsável pelo registro da população e pela coleta de impostos, e escolher a opção “mudar de nome”.
Você pode mudar tanto o seu nome (fornavn), nome do meio (mellomnavn) e sobrenome (etternavn) uma vez a cada dez anos, e escolher quase qualquer sobrenome que desejar, só não pode escolher sobrenomes protegidos. Você pode até criar o seu próprio sobrenome se quiser, que foi o que a família Hjertefølger (seguidores do coração) fez.
Sobrenomes protegidos (beskyttede etternavn) são nomes de família usados por até 200 pessoas. Se você quiser pegar um sobrenome protegido, será necessário que todos os que possuem o sobrenome em questão aceitem. Ou seja, você terá que contatar um por um para pegar a assinatura deles.
No entanto, uma pessoa pode usar um sobrenome protegido caso tenha uma conexão com o sobrenome em questão, seja por parentesco, casamento, coabitação (desde que morem juntos há pelo menos dois anos ou tenham filhos), adoção, etc.
Como saber se um sobrenome é protegido?
O Statistisk Sentralbyrå (SSB), o IBGE da Noruega, possui um banco de dados atualizado sobre nomes e sobrenomes usados no país, é só digitar neste link qualquer nome que irá aparecer o número de pessoas registradas com ele (digite o nome na caixa de pesquisa que diz ”navnesøk”).
Curiosidade:
Os sobrenomes dos três integrantes do a-ha, Morten Harket, Magne Furuholmen e Pål Waaktaar Savoy, são protegidos.
São apenas 49 pessoas com o sobrenome Harket, 75 pessoas com o sobrenome Furuholmen e 27 com o sobrenome Waaktaar em toda a Noruega.
Considerações finais
E assim surgiram os sobrenomes noruegueses. Apesar da tradição ter começado através de sobrenomes patronímicos (patronymer), como Larsen (filho de Lars), Kristiansen (filho de Kristian) e Gudbrandsen (filho de Gudbrand), hoje em dia há mais sobrenomes que se originaram nos nomes de fazendas (gårdsnavn), já que os sobrenomes terminados em –sen são considerados como muito comuns na Noruega e acabam sendo deixados de lado na hora de constituir família.
Os nomes de fazenda têm suas origens em palavras que descrevem a natureza, como Strand (praia), Solberg (montanha ensolarada) e Holm (pequena ilha), e estão presentes em mais de 2/3 da população norueguesa atual.
Assim fica devidamente registrado o amor dos noruegueses pela natureza, pois além de escolher nomes de família com origem em aspectos da natureza, eles ainda têm a caminhada ao ar livre como esporte nacional. 😄
Dos sobrenomes mencionados neste post, de qual você gostou mais?
Material consultado:
Livro:
Utne, I. Hva er et navn?: Tradisjoner – Navnemoter – Valg av fornavn og etternavn. 1ª edição. Oslo: Pax Forlag, 2011.
Artigos:
Historisk utvikling av etternavn og stedsnavn (Slekt og Data)
Hvor ble det av Hansen, Olsen og Johansen? (O. P. Kjelstadli, Moss Historielag)
Norsk navneskikk (Norway DNA Norgesprosjekt)
Norske etternavn: litt om norske etternavn (Jeanette, MyHeritage Blog)
Nå er to av tre norske etternavn et gårdsnavn (B. Amundsen, Forskning.no)